segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016


Educação Financeira para Crianças - Parte II

Olá pessoal! Dias atrás eu compartilhei aqui a minha história sobre como meus pais me ensinaram a lidar com dinheiro. E para provar que a estratégia dos meus pais funciona, hoje vou contar a história de outra pessoa: a minha irmã caçula (essa fofa na foto acima!).
Assim como eu, ela começou a receber semanada quando tinha uns 6 anos e aos 10 anos já estava recebendo a mesada.       Vivíamos uma época mais próspera, o Plano Real já estava em vigor há 2 anos.          E foi nessa fase dos 10 anos de vida que a minha irmã teve um dos maiores aprendizados sobre dinheiro!
Na mesma semana em que recebeu a mesada, aconteceu uma feira de ciências na escola em que estudávamos. Empolgada em apresentar o trabalho da sua equipe e ver os trabalhos dos outros colegas, ela se distraiu comendo doces e refrigerantes e gastou todo o valor da mesada em apenas dois dias!!!
Quando percebeu que estava sem dinheiro, teve a brilhante ideia de pedir um "vale", um adiantamento da mesada seguinte. Minha mãe ficou surpresa com o pedido e percebeu que minha irmã estava incomodada por ter ficado sem dinheiro. Numa situação como essa, muitas mães se compadecem dos filhos e atendem os seus pedidos para não vê-los frustrados. Mas minha mãe, que nasceu e cresceu em uma família humilde, entendeu que seria valioso para minha irmã se ela aprendesse o que acontece quando gastamos o dinheiro rápido demais. E minha mãe então a acolheu, mas disse que ela não receberia um adiantamento e teria que aguardar até a próxima data de pagamento.  
Bom, se para os adultos um mês pode parecer um longo período de tempo (principalmente quando o dinheiro acaba), imagine para uma garotinha de 10 anos!
Mas ela esperou. E, creio eu, pensou muito sobre isso enquanto não chegava o dia de receber a próxima mesada.
Quando finalmente minha mãe pagou a mesada pra ela, tivemos uma grande surpresa: minha irmã resolveu guardar o dinheiro. Não tenho certeza se ela guardou o valor total, que era de aproximadamente R$ 25,00, mas sabemos que ela guardou a maior parte. E aí vem o grande final dessa história: após 4 meses poupando sua mesada, minha irmã foi à melhor joalheria da cidade e comprou seu primeiro relógio de pulso! E não parou por aí: depois de comprar o relógio ela ficou mais alguns meses poupando sua mesada e comprou uma corrente de ouro!!
Não é incrível? Eu tenho muito orgulho da iniciativa da minha irmã e considero que a decisão da minha mãe foi fundamental para o aprendizado dela.
Analisem comigo. Se minha mãe tivesse cedido ao pedido de antecipação da mesada, minha irmã não teria vivido as consequências de gastar o dinheiro impulsivamente e não teria aprendido a poupar. E pior que isso, chegaria um momento na vida adulta em que minha irmã ficaria sem dinheiro e não conseguiria um adiantamento do salário. Isso a levaria a adquirir um empréstimo bancário, onde ela pagaria juros e engrossaria as tristes estatísticas de endividamento em nosso país, podendo até entrar para o cadastro de inadimplentes!
Felizmente isso não aconteceu!!! E hoje minha irmã é uma mulher, casada, tem um lindo filho e uma vida financeira equilibrada  :)

E você? Como está cuidando do seu dinheiro?



Abraços,

Elen Angela Dutra - Coach Financeiro 

Facebook: Lindas e Econômicas


sábado, 20 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016


Como eu comecei a controlar meus gastos

Olá! Dias atrás eu contei para vocês como começou a minha história com o dinheiro. Hoje vou contar o que aconteceu quando comecei a trabalhar e receber salário.
 Eu comecei a trabalhar no mesmo ano em que entrei na faculdade. E meus pais mantiveram a postura de me ensinar a compreender o valor do dinheiro e cuidar bem dele. Assim, ficou definido que eu pagaria as mensalidades da faculdade com o meu salário.
Eu nunca vou esquecer estes números: R$ 400,00 e R$ 220,00!! Quatrocentos reais era o valor da minha renda mensal. Duzentos e vinte reais era o valor da mensalidade do curso de Administração.
Nem precisa ser bom em matemática para perceber que mais da metade do meu salário era para pagar a faculdade e me sobravam apenas R$ 180,00 para quaisquer outras despesas.
Mas você deve estar se perguntando quais eram essas outras despesas, qual era o meu padrão de consumo. Bem, em primeiro lugar é importante dizer que eu continuava morando com meus pais, então eu não tinha despesas com habitação. Mas eu tinha 18 anos, tinha muitas amigas e amigos, tinha um namorado que gostava muito de sair aos finais de semana, e eu desejava muitas coisas!! Obviamente, com R$ 180,00 ninguém compra tudo que deseja. De acordo com essa tabela aqui, utilizando o fator de conversão do mês de dezembro do ano 2000, aqueles R$ 180,00 equivalem hoje à R$ 430,62. O que você faz com essa quantia atualmente? Pouca coisa, não é mesmo?
Enfim, para me virar com meu salário e não deixar de ir às festas da turma da faculdade e nem deixar de comprar os livros necessários, uma roupa nova de vez em quando, presentes para família e etc, eu tomei a iniciativa de registrar todas as minhas despesas em uma agenda como essa que você está vendo aí em cima (só que a agenda da foto é do ano 2007)! E repare que eu anotava até mesmo a compra de uma caixinha de bala “tic-tac”!!
A agenda estava comigo sempre, em qualquer lugar que eu fosse. Assim ficava fácil lembrar de anotar tudo e também facilitava muito as minhas decisões quando eu tinha vontade de comprar algo.
E foi essa simples iniciativa de anotar meus gastos que me permitiu ter controle sobre o meu dinheiro, saber onde eu estava gastando, e comprar as coisas que eu precisava e desejava sem fazer dívidas!!
Entretanto, preciso confessar que tenho um arrependimento: nessa época eu não poupava nenhuma parte da minha renda para situações futuras. Eu nunca gastei mais do que ganhei e frequentemente eu poupava para comprar algo nos meses seguintes. Mas o imediatismo dos meus inocentes 18 anos não conseguia enxergar a importância de começar a poupar para o futuro.
Bem, espero que você tenha percebido que o primeiro passo para cuidar bem do seu dinheiro, é registrar os seus gastos. Uma tarefa simples, mas que exige dedicação e compromisso J

Abraços,

Elen Angela Dutra

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016




POR QUE TANTAS PESSOAS SE ENDIVIDAM COM O CARTÃO DE CRÉDITO?

Olá, hoje vou falar sobre um dos maiores problemas de endividamento dos brasileiros: o uso do rotativo do cartão de crédito!
Quando eu ministro cursos nas Oficinas de Educação Financeira do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia ouço muitas pessoas falarem que não usam cartão de crédito por causa da cobrança de juros.
Entretanto, o cartão de crédito só gera cobrança de juros quando o consumidor utiliza o rotativo, ou seja, quando ele não paga o valor total da fatura mensal. Por exemplo, você recebe uma fatura no valor R$ 2.500,00 mas não possui o dinheiro para pagar essa quantia e resolve pagar apenas o valor mínimo, aproximadamente 20% do valor total.
Quando isso acontece, o consumidor não é considerado inadimplente, mas fica sujeito uma das mais altas taxas de juros do país: 431,4% ao ano!!! Em uma conta rápida, significa que se em janeiro de 2015 você tinha uma dívida de R$ 2.000,00 no rotativo do cartão de crédito, em janeiro de 2016 você já estaria devendo R$ 10.628,00!
E por que as pessoas utilizam o crédito rotativo? A resposta é simples: a maioria das pessoas não controla o uso do cartão de crédito e continua fazendo compras enquanto existe saldo no limite de crédito oferecido pelo cartão.
O problema é que as operadoras de cartão de crédito costumam oferecer limites muito altos. O limite alto é bom para fazer compras parceladas, mas é péssimo quando o consumidor gasta mais do que pode pagar. Nesses casos, só existe duas soluções: cancelar todos os cartões de crédito ou estabelecer o seu limite de gastos baseado na sua renda mensal e jamais gastar além disso.
Como você pode fazer isso? Eu explico: se você ganha R$ 5.000,00 por mês, gasta em média R$ 1.500,00 com habitação e faz todas as suas compras com cartão de crédito, você pode definir um limite mensal de R$ 2.500,00 para os gastos efetuados no cartão de crédito. Não importa se o limite oferecido pelo banco for de R$ 4.000,00. Você vai se comprometer a gastar no máximo R$ 2.500,00 por mês e vai acompanhar seus gastos acessando a fatura online ou utilizando uma planilha de controle de gastos, que deve ser atualizada periodicamente.
Mas e essa diferença de R$ 1.000,00 que “sobrou”? Isso é assunto para outra matéria :)


Gostou? Meu artigo foi útil para você? Então comenta aqui no blog ou na página Lindas e Econômicas.

Abraços,

Elen Angela Dutra - Coach Financeiro

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016


Educação Financeira para crianças – é possível pôr em prática?

Eu li agora há pouco  (e compartilhei no Facebook) uma matéria com dicas sobre como educar financeiramente as crianças.
Eu não tenho filhos, mas adoro crianças e observo atentamente os desafios das minhas amigas que são mães. E é fácil perceber o quanto é difícil ensinar as crianças a lidar com o dinheiro de maneira saudável! 
Mas embora eu não tenha filhos, vou compartilhar aqui a minha história com o dinheiro.  E ela começou quando eu era criança. 
Eu nasci em uma família pobre, no interior do Rio Grande do Sul, numa cidade que a maioria das pessoas nunca ouviu falar: Panambi!
      Meus pais são filhos de pequenos agricultores rurais  - os chamados "colonos", e nenhum deles teve acesso ao ensino de nível superior. Mesmo assim, com escassos recursos materiais e pouco acesso ao ensino formal, meus pais sabiam da importância de ensinar eu e a minha irmã a cuidar do dinheiro. E muito antes de alguém falar em educação financeira, eles estabeleceram a minha “semanada” quando eu estava na 1ª série do ensino fundamental.
Há quase 30 anos atrás, com apenas 6 anos de vida, eu recebia uma vez por semana uma nota de 100,00 cruzados, que era suficiente para comprar um cachorro-quente e um suco. E a regra era clara: apenas uma vez por semana.
Nas primeiras semanas eu aguardava ansiosamente o dia de comprar cachorro quente. Mas depois eu comecei a querer outras coisas: um lápis diferente, um apontador com formato de coração, um pirulito. Mas comprando o cachorro-quente e o suco, o dinheiro acabava e eu tinha que esperar mais uma semana. Então comecei a fazer escolhas: abrir mão do suco e usar o troco para comprar outra coisa. Mas com o passar do tempo (você lembra o que significa uma semana para uma criança de 6 anos?) o troco não era suficiente, então aprendi que se eu juntasse a sobra de uma semana com o troco da outra semana, eu podia comprar algo um pouco mais caro. E depois de mais umas semanas, eu queria algo que custava mais. Aí eu tive uma ideia que na minha cabecinha de criança era genial: eu comecei a fazer cartões para vender para os meus coleguinhas. E eu fazia os cartões a custo zero!! Retirava uma folha do caderno, dobrava ao meio, colava algumas partes, e fazia uma janela em formato de coração, pintava, escrevia alguma frase copiada dos papéis de carta que minhas colegas colecionavam, e vendia esses cartões por exatos 100,00 cruzados! E se o comprador não tivesse dinheiro, eu negociava: troquei cartões de papel por apontadores, prendedores de cabelo, lapiseiras e etc. Minha mãe chegou a ir à escola verificar a origem da lapiseira, mas foi constatado que a negociação era de comum acordo e a compradora do meu cartão não queria a lapiseira de volta.
As semanas foram passando, se transformaram em meses, que se tornaram anos. E já aos 14 anos eu participei de um concurso de poesias e ganhei um prêmio no valor de 100,00 reais. Sim, reais!! Eu tinha 12 anos quando o Plano Real completou sua transição da moeda Cruzeiro Real para o Real. Antes disso, lembro-me bem da inflação galopante, do dia em que meu pai recebia o salário e minha mãe ia ao supermercado fazer a compra do mês, estocando latas de óleo e outros alimentos não perecíveis. Também me recordo de ir ao banco com minha mãe trocar as cédulas de dinheiro de uma moeda para outra (Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e Real![1]).
Portanto, quando eu recebi o prêmio de R$ 100,00 aquela nota valia muito mais do que os 100,00 cruzados[2] da minha primeira semanada. Eu comprei uma sandália, uma saia, paguei sorvete para minha mãe e para minha irmã, e guardei o restante durante meses!!
Essa história não termina aqui, mas o texto está ficando longo e vou pular para a conclusão: se meus pais não tivessem me ensinado a cuidar do dinheiro e eu não tivesse vivido as experiências que relatei acima, com certeza minha vida hoje seria muito difícil. Se você já teve ou tem problemas com dinheiro, sabe que eles afetam negativamente toda a sua vida.
E o melhor disso que estou contando para você é que o fato de eu receber uma semanada de pequeno valor nunca fez eu me sentir inferior aos colegas que chegavam na escola com mais dinheiro. Na verdade, eu me sentia desafiada pelos meus pais e me sentia cada vez mais esperta por estar aprendendo a cuidar do dinheiro. E daquela época até hoje, eu sei que dinheiro é muito importante para vivermos bem e por isso precisamos cuidar dele!
Agora são 00:30h e confesso que estou emocionada por compartilhar essa história com você. E ficarei muito feliz se você comentar aqui no blog ou no facebook se a minha história te inspirou de alguma maneira J

Abraços,
Elen Angela Dutra




[1] Veja no site http://www.ocaixa.com.br/passos/passos2.htm o histórico das moedas brasileiras.
[2] Para saber quanto valia 100,00 cruzados em janeiro de 1988, utilizei a tabela de conversão disponível no site http://www.rendimentosreais.com/valor-real-da-moeda/

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016



POUPAR PRA QUE?

            Em época de crise econômica aparecem um monte de economistas propondo soluções para nossos problemas financeiros.
            Algumas soluções parecem ridiculamente fáceis: pare de tomar o seu capuccino na cafeteria e em 10 anos você terá uma reserva financeira de R$ 100.000,00!
            Poxa, é só parar de tomar aquele capuccino! Isso é moleza!
            Será? Será que é tão simples assim?
            Eu tenho uma amiga que adora capuccino. Ela afirma com convicção que o capuccino é fonte de prazer na vida dela. E quando ela disse isso pela primeira vez, eu achei um exagero. Mas se fosse chocolate... ah, se fosse chocolate eu entenderia! Eu não vivo feliz se não tiver chocolate!
            Ou seja, eu não gasto dinheiro com capuccino. E não vou abrir mão do chocolate. Então, como vou poupar dinheiro? E para que mesmo eu vou poupar dinheiro?
            Na verdade eu preciso realmente poupar dinheiro. Preciso poupar dinheiro porque além de ter muitos sonhos que eu pretendo concretizar (e para isso preciso de mais dinheiro), eu também preciso garantir que poderei comer chocolates até o fim desta vida! E, é claro, chocolates cada vez melhores. Eu já não me contento com os chocolates que eu comia na infância.
            Mas você pode me dizer: chocolates não são tão caros assim. Ok. Depende do chocolate, não é mesmo?
            De qualquer forma, lanço a você um desafio: pense em algum bem material ou serviço do qual você usufrui hoje e que você deseja continuar usufruindo a vida inteira! Agora veja a situação econômica atual do nosso país e analise se o que você já conquistou está simplesmente garantido (eu arrisco dizer que nada é garantido!).
É isso!! Por isso é tão importante fazermos uma reserva financeira! Mas atenção: não deixe de tomar o seu capuccino (ou comer chocolate) hoje para ter dinheiro e poder se empanturrar na aposentadoria! Fique com seu capuccino e eu com meu chocolate, mas investigue as suas despesas atuais e descubra onde você pode economizar para criar a sua reserva financeira que garantirá a sua qualidade de vida hoje e no futuro.  J

Elen Angela Dutra
Coach Financeiro